O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, passou sem ser lembrado em Cachoeira. Nenhum tipo de ação ou atividade sobre preservação dos recursos naturais foi realizada no município que tem o privilégio de ter o Paraguaçu, maior rio genuinamente baiano compondo sua história e paisagem urbana.
Na Bacia do Iguape, rodeada de 14 comunidades quilombolas, além de rica história e delícias gastronômicas, destaca-se as belezas naturais e a rotina da população local que sobrevive da pesca e do marisco.
Porém, a cidade convive ainda com sérios problemas ambientais que merecem atenção. Sofre com o desmatamento, caça de animais, degradação ambiental, águas poluídas. E a pesca predatória, principalmente, com uso de bombas, prática que afeta a cadeia alimentar por destruir cardumes e animais ainda em processo de maturação ou em fase de reprodução, apesar de ser considerado crime.
A população da zona rural enfrenta sérios problemas hídricos onde a maior parte das comunidades não dispõem de rede de água implantada. Apesar da Barragem Pedra do Cavalo está instalada na cidade e ser responsável por abastecer mais de 50% de moradores de Salvador e Região Metropolitana. Aliás, a Hidrelétrica Pedra do Cavalo, está situada dentro da área de proteção ambiental Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape entre Cachoeira e São Félix e sua licença para operação está vencida desde fevereiro de 2009, conforme informação do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), porém a usina vem operando normalmente.
Ocorre que a barragem construída na década de 1970 causa impactos que afetam o meio ambiente e a população ribeirinha, com a diminuição do fluxo do rio, facilitando que a água do mar entre em seu leito, provocando a salinidade das águas. Também a operação das turbinas em horários aleatórios afetou o movimento de marés que provocou a diminuição da biodiversidade, é o caso, por exemplo, da Pititinga, peixe muito popular na região que praticamente desapareceu.
Outro problema muito comum em Cachoeira é a ocorrência de queimadas e incêndios florestais que afetam o meio ambiente e prejudica o solo. É uma ameaça cotidiana e recorrente durante o verão. Espaços religiosos da cidade foram vítimas desse crime, o terreiro de candomblé Roça do Ventura – Zogbodo Male Bogun Seja Unde – por exemplo, teve suas matas queimadas mais de uma vez consumindo mais de 50 árvores e plantas sagradas.
Texto: Mário Jorge
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