2 de julho: o Recôncavo nas lutas pela Independência

Foto: IPHAN 

O professor Fábio Pereira explica que o processo de independência do Brasil na Bahia foi complexo e durou mais tempo do que no resto do país. Tudo começou com a chegada de Madeira de Melo a Salvador, como uma espécie de interventor de Portugal. O objetivo dele era manter os interesses da coroa portuguesa na sua colônia mais rica depois que rumores sobre uma possível independência começaram a circular após o retorno de D. João VI para o reino, devido a Revolução do Porto.

“Quais são esses interesses da metrópole? Manter o exclusivismo colonial, manter o pacto colonial e uma estrutura de dominação política e econômica sobre a colônia e que, em certa medida, havia sido afrouxada quando Dom João VI chegou ao Brasil, em 1808, e assinou o Tratado de Abertura dos Portos às Nações Amigas. Aquela ação de cunho mais liberal animou a elite colonial brasileira, especialmente no Recôncavo, uma elite associada ao agronegócio da época, que era o açúcar”, acrescenta o historiador.

Dom João VI volta para Portugal e deixa Dom Pedro, seu filho, como regente. As Cortes Portuguesas exigem a volta de Dom Pedro e ele nega, no ato que ficou conhecido como Dia do Fico. Madeira de Melo vem para Salvador e toma o governo da cidade. Na chegada, o general português mostra que não está para brincadeira, invade o Convento da Lapa e Sóror Joana Angélica morre em defesa das freiras na clausura.

“O clima estava muito ruim em Salvador, então muitas famílias começaram a ir para o Recôncavo, para vilas como Santo Amaro, São Francisco do Conde e Cachoeira. Nessas vilas se organiza o movimento para enfrentar Madeira de Melo. E é então que a Vila de Santo Amaro, em 14 de junho de 1822, faz uma reunião secreta, uma ata que já anuncia muitos pontos importantes a favor da Independência”, continua o professor.

Já de olho nas manobras dos portugueses, um exército começa a se formar, com tropas vindas da região de Belém e Iguape. Os soldados se aquartelam na Praça da Aclamação de Cachoeira. No dia 25 de junho, após aclamar o príncipe, a população festeja, vai à igreja da matriz e celebra o Te Deum que, desde então, se repete ano a ano. Há muita comemoração nas ruas e o comandante da embarcação portuguesa que se encontrava no rio Paraguaçu envia um comunicado mandando que o povo pare de festejar. A população, lógico, não atende.

“O resultado é o bombardeio da vila, com a população resistindo por três dias, entre 25 e 28 de junho, até a canhoneira portuguesa ser tomada. A guerra de Independência do Brasil na Bahia começou no dia 25 de junho de 1822 e só acabou em 2 de julho de 1823, com a libertação de Salvador. Nesse pouco mais de um ano de guerra, Cachoeira se torna a sede do governo brasileiro na Bahia livre”, afirma Fábio.

Diante de uma saga dessas, dá para entender prefeitamente porque para as jovens cachoeiranas, vestir-se de Quitéria e Maria Felipa é tão simbólico.



Via: A Tarde Memória
Por: Andreia Santana
Colaboraram: Priscila Dórea e Tallita Lopes
Matéria completa: https://atarde.com.br/colunistas/atardememoria/lutas-pela-independencia-em-cachoeira-inspiram-a-juventude-baiana-1331583?fbclid=PAQ0xDSwLSIqhleHRuA2FlbQIxMQABp8WQImcZmsai4vpgO3MoQB2L-z1pcaq6-oDE-XizZFKH_pToNLP8grH6eB9Y_aem_Bwstk2KbrPczIr2dErxWwA


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