Foto: Walisson Braga/Conaq.
Josevan Dionísio dos Santos, conhecido como “BZ” ou “Buzuim”, foi preso nesta sexta-feira (12) em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. A captura, confirmada pela Polícia Civil da Bahia, está relacionada à investigação do homicídio de Maria Bernadete Pacífico Moreira, a Mãe Bernadete, assassinada em agosto de 2023.
A operação aconteceu no Núcleo Habitacional Rubens Costa. Ao perceber a presença dos agentes, Josevan fez a companheira e o filho reféns, rendendo-se apenas após negociação conduzida pelo Denarc e pelo CORE. Contra ele já havia dois mandados de prisão em aberto, por homicídio e roubo. Com a prisão, chega a cinco o número de detidos suspeitos de participação no crime.
Mãe Bernadete, de 72 anos, foi executada dentro de casa no Quilombo Pitanga dos Palmares. Liderança nacional do movimento quilombola, atuava como coordenadora da Conaq e já havia sido secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. No dia do crime, ela foi atingida por mais de 20 disparos enquanto netos estavam presentes na residência. Os assassinos recolheram celulares da vítima e de testemunhas, mas um dos netos conseguiu pedir ajuda pelo computador.
Segundo as investigações, seis pessoas estão envolvidas no caso entre mandantes, executores e colaboradores. Três foram presas ainda em 2023, duas em 2024 e, agora, Josevan. Apesar disso, familiares rejeitam a versão de que o crime teria ligação com o tráfico de drogas. Para eles, a execução está ligada a disputas fundiárias e a interesses empresariais na região.
O assassinato também expôs fragilidades do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Na época, as câmeras de segurança da casa estavam quebradas e não foram substituídas, além de as rondas policiais ocorrerem em horários previsíveis, o que, segundo a família, facilitou a ação criminosa.
A execução de Mãe Bernadete se soma ao assassinato de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico, o “Binho do Quilombo”, morto em 2017. “Quem mandou matar Mãe Bernadete? Quem mandou matar Binho do Quilombo?”, questiona o filho Jurandir Wellington Pacífico.
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