Dia da Consciência Negra: personalidades negras que marcaram o Recôncavo Baiano

No Dia da Consciência Negra, o Portal Conexão Recôncavo destaca figuras históricas e contemporâneas que contribuíram de forma decisiva para a cultura, a arte, a religiosidade, a educação e a luta por direitos no Recôncavo Baiano. Suas trajetórias revelam a força e a centralidade do legado negro na formação do Brasil.

André Rebouças



(Cachoeira, 3 de janeiro de 1838 – Funchal, 9 de maio de 1898) foi engenheiro, inventor, empresário e intelectual abolicionista brasileiro. Nascido em plena Sabinada, era filho de Antônio Pereira Rebouças e Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma ex-escravizada com um homem branco, tornou-se advogado autodidata com autorização para atuar em todo o país, além de liberal influente que chegou a deputado pela Bahia e conselheiro do imperador D. Pedro I.

Um dos mais importantes articuladores do movimento abolicionista, André Rebouças também se destacou por pensar o pós-abolição. Defendia que o fim da escravidão deveria vir acompanhado de uma política de desapropriação e distribuição de terras devolutas, garantindo que homens e mulheres recém-libertos — assim como imigrantes pobres — tivessem acesso à terra e pudessem se estabelecer como pequenos agricultores, assegurando sua subsistência.

Monarquista convicto, partiu para o exílio com a família imperial após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Passou os últimos seis anos de vida dedicando-se a projetos de desenvolvimento em territórios africanos.

Neusa Santos Souza




Psicóloga e psicanalista cachoeirana, autora de Tornar-se Negro. É uma das pioneiras na análise das relações raciais no campo da psicanálise e referência teórica nacional.

Dalva Damiana de Freitas



Nascida em Cachoeira-BA, em 27 de setembro de 1927. É compositora, cantora, líder do Grupo de Samba de Roda Suerdieck e integrante da Irmandade da Boa Morte.

Começou a compor enquanto trabalhava na Fábrica de Charutos Suerdieck e, em 1961, fundou o Grupo de Samba de Roda Suerdieck. Sua atuação foi fundamental para o reconhecimento do Samba de Roda do Recôncavo Baiano como Patrimônio Imaterial do IPHAN e da Unesco. Em 2012, recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela UFRB.


Mateus Aleluia



Cantor, compositor e pesquisador, natural de Cachoeira. Ex-integrante dos Tincoãs, seu trabalho conecta religiosidade, ancestralidade e estética afro-barroca.

Manoel Tranquilino Bastos



Manoel Tranquilino Bastos (Cachoeira, 8 de outubro de 1850 — Japão, 1935) foi clarinetista, compositor, maestro, professor de música e jornalista. Em 1870, fundou a Sociedade Orpheica Lyra Ceciliana, filarmônica que permanece em atividade até hoje em Cachoeira. Publicou textos em diversos jornais da cidade e teve forte atuação na vida cultural e política local. Defensor de ideias humanistas e crítico da escravidão, tornou-se conhecido como o “maestro abolicionista”.

Jorge Portugal



Poeta, compositor, educador e comunicador de Santo Amaro, criou projetos pedagógicos inovadores e atuou como secretário de Cultura da Bahia. É autor de músicas que exaltam a negritude e denunciam o racismo, como a canção 14 de Maio, imortalizada na voz de Lazzo Matumbi.

Manuel Querino


Nascido em Santo Amaro em 1851, Querino foi escritor, jornalista, historiador, professor, pintor e pioneiro da antropologia da cultura afro-brasileira. Abolicionista convicto, registrou práticas culturais africanas e contribuiu decisivamente para a valorização das artes e ofícios populares. Em 2023, completou-se cem anos de sua morte.

Castro Alves



O poeta Antônio de Castro Alves, nascido na antiga Curralinho, é um dos principais nomes da poesia abolicionista no Brasil e referência literária mundial.

Edson Gomes



Cantor e compositor de Cachoeira, considerado o maior nome do reggae brasileiro. Suas músicas denunciam injustiças sociais e exaltam a resistência do povo negro.

Dra. Maria Odília Teixeira




Nascida em São Félix, foi a primeira médica negra da Bahia e uma das primeiras do Brasil. Formou-se em 1909 e tornou-se referência na medicina e no rompimento de barreiras raciais no ensino superior.

João do Boi


Mestre do Samba Chula, guardião da tradição musical do Recôncavo e figura central no samba de roda, patrimônio imaterial da humanidade.

João de Obá


Importante líder religioso e cultural de Santo Amaro. Foi um dos fundadores do Bembé do Mercado, celebração centenária de matriz africana considerada a festa pública de candomblé mais antiga do Brasil.

Pai Pote



Babalorixá de grande prestígio em Santo Amaro, reconhecido pela atuação religiosa e pelo trabalho comunitário no candomblé.

Nego Fugido — Acupe (Santo Amaro)

Foto: Fafá Araújo

Manifestação centenária que encena a fuga de africanos escravizados. Mistura teatro, música e cortejo para narrar episódios de resistência negra.

Caretas do Mingau — Saubara


Foto: Mateus Leite

Tradição protagonizada por mulheres negras que utilizam máscaras e performances de crítica social. É uma manifestação cultural de forte simbolismo comunitário e de resistência.

Besouro Mangangá



Aqui está o texto ajustado com a inserção solicitada:

Manoel Henrique Pereira (Santo Amaro–BA, 1895 — Santo Amaro–BA, 1924), mais conhecido como Besouro Mangangá, foi um capoeirista baiano que, no início do século XX, se tornou um dos maiores símbolos da capoeira na Bahia. Sua fama alcançou projeção nacional a partir dos anos 1930 e, com a expansão da capoeira para outros continentes, ganhou reconhecimento internacional.

Dica ee filme: uma adaptação da história de Besouro, dirigida por João Daniel Tikhomiroff, estreou no Brasil em 30 de outubro de 2009. No filme, Besouro é interpretado por Aílton Carmo. O trailer foi o de maior sucesso do cinema brasileiro naquele ano.


Tia Ciata


Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, nasceu em Santo Amaro e se tornou uma das principais articuladoras da cultura afro-brasileira no Rio de Janeiro. Sua casa foi berço da formação do samba carioca.

Irmandade da Boa Morte

Foto: Adenor Godim

Tradicional irmandade religiosa e cultural de Cachoeira, formada exclusivamente por mulheres negras. É uma das mais antigas instituições de matriz africana do Brasil e preserva rituais ligados à ancestralidade e à luta pela liberdade.

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